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sábado, 11 de agosto de 2012

A capoeira como esporte


Na década de 60, a Bahia continuava sendo o centro nevrálgico da Capoeira. Mas, por essa época, muitos Mestres, atraídos pelas possibilidades econômicas do Sul, começaram a emigrar para o Rio de Janeiro e São Paulo. A Capoeira, aos poucos, espalhava-se pelo Brasil inteiro.
Fora de seu contexto geográfico e social, distante de suas raízes negras e baianas, a Capoeira já não pode ser praticada como uma manifestação artística espontânea, e tampouco estereotipada como folclore. Também não pode ser uma luta ao estilo de Bimba, que desafiava "qualquer lutador, de qualquer luta, a enfrentá-lo com sua Regional" (Itapoan, 1982, p. 16) e que treinava esquivando-se de pedras jogadas por seus alunos e de navalhas suspensas por um fio (Itapoan, 1982, p 39).
Começa então a ganhar popularidade a idéia de que, devidamente regulamentada, a Capoeira poderia ganhar um lugar junto às artes marciais orientais, já aceitas pela sociedade brasileira. Passaria, assim, a ser "a arte marcial brasileira", uma luta esportiva com competições regulamentadas.
Surgem, assim, em fins da década de sessenta, os primeiros campeonatos e tentativas de regulamentação da Capoeira. Em 1968 e 1969, realizam-se, numa base da Força Aérea, no Rio de Janeiro, o primeiro e o segundo simpósios brasileiros de Capoeira. Neles, tentou-se "criar uma única nomenclatura para os golpes, um único sistema de graduação de alunos, critérios para graduação de Mestres, tudo com a intenção de fundar federações de Capoeira (...) e transformá-la no ‘esporte nacional’” (Capoeira, 1985, p. 132). Naquela mesma época, realizam-se na Bahia os primeiros campeonatos de Capoeira.
Em 1972, a Capoeira é declarada "esporte" pelo Conselho Nacional de Desportos, e sua prática, como tal, é regulamentada oficialmente, através da Confederação brasileira de Pugilismo. Em 1974, é criada a primeira Federação de Capoeira em São Paulo, e em 1984, a segunda, no Rio de Janeiro. Falta ainda surgir outra, num terceiro estado, para que se possa criar a Confederação Nacional de Capoeira, livrando-a da tutela do pugilismo. Em meados da década de 70 realizam-se também os primeiros campeonatos nacionais de Capoeira.
Esse desenvolvimento da Capoeira/esporte acarreta várias conseqüências para a prática e a concepção vigente quanto a esta atividade. Entre elas, destacamos:

 

1) Uma crescente burocratização: A Capoeira, para poder ser considerada esporte, tem de ser competitiva e regulamentada (Capoeira, 1985, p. 147), tornando-se necessário, portanto, que existam associações, federações e uma confederação que, agrupando-as, consagre um regulamento único para a competição, o ensino da atividade e os critérios de graduação de Mestres. Tudo isso conduz a uma burocratização crescente e a uma submissão do esporte/luta à política oficial, já que as federações dependem, em última instância, do Conselho Nacional de Desportos.
Os torneios, a regulamentação e as federações provocaram uma grande controvérsia nos últimos 15 anos. Os torneios tiveram bastante aceitação, mas não a organização de federações. Em grande parte, os capoeiristas não estão filiados às duas existentes, por não estarem de acordo com o direito que elas se arrogam de deter o monopólio da fiscalização da prática. Como toda atividade de origem popular, não codificada, existem diferentes concepções em torno do que ela é e de como deve ser praticada e ensinada. Zelosos de sua individualidade -que a tradição da própria arte fomenta -, os Mestres não querem ser controlados por uma federação.

 

2) A incorporação de elementos das artes marciais orientais: A capoeira é definida globalmente como esporte mas, por suas características, é considerada uma luta. O uso predominante das pernas faz com que, dentro das lutas/esportes, seja equiparada às artes marciais orientais, mais do que ao boxe ou à luta greco-romana, por exemplo. Assim, é considerada a "arte marcial brasileira". Esta definição é vantajosa, já que apela não apenas para o nacionalismo mas também para a legitimidade que s outras artes marciais conseguiram. Ao tomá-las como modelo (consciente ou não) a ser imitado, a Capoeira incorpora elementos que as caracterizam: o uniforme branco, a prática de pés descalços, o uso de cordões para classificar diferentes etapas do aprendizado, a atitude séria e marcial durante os treinos, a saudação ritual (em posição marcial) no início e no fim da aula. Também foram acrescentados pontapés e golpes de mão que, tradicionalmente, não existiam na Capoeira, modificou-se a execução de certos golpes que já existiam, tornando-os "mais técnicos" (portanto, mais parecidos com os do karatê), introduziram-se técnicas de "defesa pessoal" e, às vezes, até são utilizadas "guardas" com nítida influência oriental durante os jogos e práticas. Os torneios também parecem estruturados dentro desse modelo, com quatro juízes, bandeiras para anunciar as faltas de cada praticante etc. É mantido o uso do berimbau durante a competição, mas com uma função meramente simbólica, já que parece não ter a menor influência sobre o jogo (que já não é um jogo, mas sim uma luta, com contato).
A “arte marcial brasileira”, então, para gozar do prestígio das outras artes marciais mais bem-sucedidas, precisa ser cada vez menos brasileira, perdendo suas características próprias e incorporando outras que lhe são alheias. Influi também, neste processo, o fato de que os mais fervorosos defensores da Capoeira/esporte são professores de educação física e/ou especialistas em alguma arte marcial oriental. Este currículo e esta influência são claramente observados numa recente publicação de difusão maciça sobre Capoeira (Pinatti e Oliveira Silva, 1984, cap. II), apresentando várias técnicas (especialmente pp. 14-24 e 50-65) que poderiam ter sido tiradas, foto por foto, de um livro de karatê:

 

3) Uma cooptação ideológica e política da arte pelo sistema: As raízes populares, negras e contraculturais da Capoeira se perdem para dar lugar a uma Capoeira que "é sinônimo de educação, cultura, civismo e saúde" (Pinatti e Oliveira Silva, 1984, II: Regulamento de Competição, p. 3). Segundo esta visão, a prática da Capoeira, “além de diversão, relax para quem apratica, ajuda a desenvolver o poder da vontade, a cultivar a cortesia, e patrocina a moderação da linguagem, coopera com a formação do caráter (...) (Senna, 1980, p13).

Este apelo extremado ao civismo se vê complementado por uma crescente intromissão do militar na prática do esporte/luta. Isto se nota, por exemplo no uso compulsivo do uniforme (que deve estar “bem dobrado, passado e limpo"); na postura marcial do "Salve"; na rígida hierarquização que se impõe com o uso dos cordões; nas exaltações da ordem máxima, disciplina rígida e respeito absoluto, a serem mantidos dentro fora  do Templo de Capoeira” (Senna, 1980, p.19, grifo nosso).

Há aspectos menos formais ou inocentes dentro dessa intromissão do marcial na Capoeira: o desenvolvimeto da Capoeira/arte marcial brasileira se produz durante os anos da última ditadura militar; as primeiras tentativas de homogeneização das práticas e regras (simpósios de 1968 e 1969) foram patrocinados pela Força Aérea; uma das primeiras tentativas de regulamentação e sistematização de Capoeira provém de um mestre que a ensina no Colégio Militar. Dirigentes das federações também foram acusados de tentar integrar a Capoeira (para conseguir alcançar sua legitimação e em troca de dádivas diversas) à ideologia política da ditadura militar que dominou o Brasil de 1964 a 1985 (Areias, 1983, p. 77; Capoeira, 1985, p. 155).

4) Concepções evolucionistas subjacentes. Para certo setor dos praticantes, essa evolução da Capoeira de luta "folclórica" a arte marcial/esporte, é uma evolução natural, necessária: "Em todas as partes do globo, cada povo possui um método mais ou menos elaborado de combater - autodefesa (...) que vai fazendo evoluir o progresso da civilização (...) " ( Senna, 1980, p. 11).

Segundo essa visão, a partir dessa modalidade de luta popular, que se desenvolveu de forma empírica - portanto considerada "inexata", "ingênua" -, chega-se ao que muitas vezes é denominado de "Capoeira objetiva". Nesta, supostamente, através do estudo dos movimentos e do conhecimento científico que possuímos do corpo humano, seriam alcançados movimentos e técnicas com um grau máximo de eficiência. O saber popular negro, "primitivo", deve assim ser substituído pelo conhecimento "científico" (não esqueçamos de que muitos dos novos Mestres são professores de educação física) que possuem as classes médias, brancas.

 

"A Capoeira é executada e praticada de forma empírica, intuitiva e perigosa. Seus participantes não se dão conta de que, racionalizada e com um método adequado, muitos seriam os resultados sociais,físicos e espirituais com que ela poderia contribuir decisivamente para a formação do elemento humano (...) Alcancemos o caminho da codificação da Capoeira como esporte e conseguiremos a posição a que chegaram todas as formas naturais de defesa pessoal de vários povos, as chamadas Artes Marciais, que passaram pelas mesmas fases de marginalização, lendas, crenças, fanatismo etc." (Senna, 1980, p. 14).

 

Essa concepção evolucionista (e tacitamente racista) está graficamente expressa em Capoeira: A Arte Marcial Brasileira, publicação de grande tiragem, escrita com a assessoria de dirigentes da Federação Paulista de Capoeira. O primeiro volume (Pinatti e Oliveira Silva, 1984, cap. I) consta de duas partes: Capoeira/Cultura e Capoeira/Esporte. Na apresentação da primeira, aparecem quatro capoeiristas negros e o professor, branco. Os capoeiristas negros ilustram aqui as formas como se entra no jogo (as "regras" não escritas), os movimentos básicos e os "movimentos em desuso" (que, parecem ignorá-lo, têm ainda plena vigência nas academias Angola de Salvador). A segunda parte, Capoeira/Esporte, está ilustrada por oito capoeiristas brancos, que mostram as formas de aquecimento (contribuição da educação física) e os movimentos de cintura solta(agarramentos e quedas) desenvolvidos por Bimba. A mensagem é muito clara: a Capoeira como cultura pertence aos negros (e aqui só entram os movimentos básicos, e outros já em desuso) e a Capoeira como esporte (com técnicas mais complexas e assessoria da educação física - o pré-aquecimento) pertence aos brancos. Seguindo esta linha, o segundo volume (Pinatti e Oliveira Silva, 1984, cap. II) desenvolve movimentos de ataque e defesa (luta) que são ilustrados por sete capoeiristas brancos e um mulato (o professor). Desses oito capoeiristas, seis são professores de educação física, confirmando a intromissão de uma disciplina na outra.
Essa versão da passagem da Capoeira, de cultura negra, para esporte branco é basicamente correta, faltando mencionar o fato de que se realiza uma valoração ideológica: a Capoeira como cultura é igualada ao"folclore" e este, estereotipado, como algo pitoresco, estático, do passado. Por isso se pergunta, na mesma publicação: "Será que [a Capoeira] sobreviverá e se massificará como manifestação exclusivamente folclórica? Quantas ‘academias’ de folclore se conhecem?" (A. Ghiberti em Pinatti e Oliveira Silva, 1984, cap. I, p. 65). A Capoeira, para estes autores, só pode sobreviver regulamentada como esporte, ou seja, obedecendo às pautas da classe dominante. Esta apreciação é mascarada como algo necessário, que está "na natureza das coisas".

segunda-feira, 19 de março de 2012

A capoeira tem religiosidade, mais não tem religião!


A religiosidade da capoeira se manifesta através dos seus rituais, dos cânticos, da celebração, da memória dos seus ancestrais, da sua ligação com esse passado de luta e sofrimento. A dimensão do “sagrado” na capoeira se mostra através desses aspectos, e por isso podemos dizer que a religiosidade é um componente importante da capoeira, sobretudo da capoeira angola, embora muitos grupos de capoeira regional também valorizem essa dimensão.
Esses saberes populares que determinam a religiosidade presente na capoeira expressam um vasto campo de significados e de suas ligações com o “sagrado”, assim como muitas outras manifestações e tradições presentes no universo da cultura popular no Brasil. A dimensão do sagrado, tem para o povo simples de nosso país, um sentido muito especial e profundo e que determina suas crenças, seus modos de vida, seus sonhos, suas lutas, suas vitórias e suas derrotas.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Instrumentos Musicais usado na Capoeira


BERIMBAU
É difícil precisar a época em que o berimbau passou a ser indispensável à roda de Capoeira. Até o século XIX, jogava-se apenas ao som dos atabaques.Em publicação de 1834, Jean-Baptiste Debret diz que o berimbau era tocado por ambulantes para atrair a atenção de fregueses. Para o etnomusicólogo Tiago de Oliveira Pinto, o berimbau é um instrumento de origem centro-africana que foi incorporado ao jogo da Capoeira com sucesso, pois outros instrumentos africanos trazidos para o Brasil não tiveram a mesma sorte.
Em Cuba, o berimbau é conhecido como “burumbumba” e é usado em rituais de necromancia(adivinhação através de espíritos mortos).Conta Mestre Pastinha que o berimbau também era usado como arma. Os capoeiras colocavam uma faca na ponta do instrumento e atacavam os policiais que os perseguiam. Nesses momentos, o berimbau transformava-se em foice de mão.Os berimbaus são de três tipos: “Viola”(agudo), “médio”(solo), “berra-boi” o “Gunga”(grave), determinados pelo tamanho da cabaça.
Gunga, Medio y Viola
No jogo da Capoeira Angola, são utilizados três berimbaus. Os toques característicos desse estilo são os seguintes: São Bento Pequeno, Angola e São Bento Grande. Na Capoeira Regional de Mestre Bimba, utiliza-se apenas um berimbau.
O toque de São Bento Grande(diferente do toque de São Bento Grande de Angola) é o mais característico da Capoeira Regional. Os toques é que ditam o estilo do jogo, o ritmo em que deve ser jogado. Ditam também quem deve jogar.
O toque de Iúna, por exemplo, é só para alunos formados (Bimba, em geral, não formava mestres e sim alunos e só estes últimos é que podiam jogar na Iúna) e, segundo relatos, foi criado para homenagear mestres que já morreram. No entanto, no Rio de Janeiro só jogam os mestres quando Iúna é tocado.
Ditam também como deve ser jogada a Capoeira, por exemplo, o toque Santa Maria que deve ser jogado sem colocar as mãos no chão. O berimbau mais conhecido e usado atualmente é o berimbau de barriga, que recebe esse nome por ser tocado encostado na barriga, mas existe o berimbau de beiço ou de boca também conhecido como “marimbau” ou “marimba”, é um pequeno instrumento de metal arqueado em forma de diapasão sem cabo, que os escravos usavam preso aos dentes, com os quais faziam soar as pontas do metal. O formato de diapasão sem cabo é semelhante a um grampo de cabelo, porém um pouco maior.
A caixa de ressonância é a própria boca do tocador.Atualmente, o berimbau de boca não é mais usado, apesar de alguns mestres antigos, especialmente de Capoeira Angola ainda saberem tocá-lo.As partes de um berimbau são:
CAXIXI:
O caxixi é uma pequena cesta de palha, com fundo de couro, usada como chocalho. Tem de 10 a 15 centímetros de altura, cerca de 6 centímetros de diamêtro na base(essas medidas variam) e um recheio de sementes, pedrinhas ou pequenos búzios.
DOBRÃO:
O dobrão, nome tomado da moeda de 40 réis, é uma peça de cobre com aproximadamente 5 centímetros de diâmetro. No entanto, utiliza-se também pedra-sabão ao invés do dobrão.
BAQUETA:
A baqueta ou vaqueta é uma vara de madeira com cerca de 40 centímetros de comprimento, sendo fina ou grossa. Alguns capoeiristas passam verniz na baqueta.
CABAÇA:
A cabaça é a caixa de ressonância. Feita com o fruto da cabaceira, árvore comum no Norte e no Nordeste, pode ser oval(coité) ou pode ser formada por duas partes ,quase que arredondadas, interligadas. Depois de seca e cortada, tiram-se as sementes antes de ser lixada.
AXO o ARAME:
A corda já foi um cipó, um fio de latão, um arame de cerca e mais recentemente, fios de aço retirados de pneus. O mais comum, hoje, é usar o aço vendido em carretéis.
PANDEIRO:
Para alguns estudiosos, o pandeiro é um dos instrumentos africanos vindos para o Brasil. Mas sua origem pode estar entre os hindus, uma vez que o pandeiro é um dos mais antigos instrumentos musicais da “velha Índia”. No Brasil, trazido pelos portugueses, o pandeiro fazia parte da primeira procissão de Corpus Christi, realizada na Bahia, em 13 de junho de 1549. Depois disso, o negro aproveitou o pandeiro para as suas festas. Em Cuba, existem pandeiros específicos para orixá, como é o caso de Ereu.
ATABAQUE:
Termo de origem árabe, o atabaque já era usado na poética medieval e era um dos instrumentos preferidos dos reis, que o utilizavam em festas e nos conjuntos musicais. O atabaque foi muito difundido na África, mas, segundo Waldeloir do Rego, foi trazido para o Brasil por “mãos portuguesas”. Num primeiro momento, o atabaque era usado em festas religiosas.
Por algum tempo, foi abolido das rodas de Capoeira. Para Bimba, era uma forma das pessoas não acharem que a Capoeira tinha elementos do candomblé.É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá, cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas “travas” que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado.RECO-RECO:
O reco-reco é um instrumento utilizado na Capoeira Angola. Reco-reco antigamente não é como os de hoje, era feito com o fruto da cabaceira (mesmo da cabaça do berimbau), das que fossem cumpridas, então era serrado, na superfície, fazendo-se vários cortes, não muito profundos, um do lado do outro, onde era esfregado a baqueta, como nos reco-reco dos dias de hoje. Hoje são feitos de gomos de bambu ou de madeira.
AGOGÔ:
Instrumento de origem africana composto de um pequeno arco, uma alça de metal com um “cone” metálico em cada uma das pontas, estes “cones” são de tamanhos diferentes, portanto produzindo sons diferentes que também são produzidos com o auxílio de um ferrinho que é batido nos “cones”. O agogô é um instrumento utilizado na Capoeira Angola. .

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Transformação da capoeira e inserção no contexto escolar

A Capoeira foi introduzida na escola em 1965, através da professora Sílvia Lacerda Diretora da escola Tomaz de Aquino. Na época o professor Aristides foi convidado para ensinar às crianças, onde permanece até hoje.
A ACAL existe desde 1974, localizada á Rua Macapá,474, em Ondina. Foi fundada pelo Mestre Aristides, Mestre de Capoeira,formado em Educação Física, pela Universidade Catolica, em Salvador, Bahia.



A capoeira, esta arte de origem controversa e que ainda desperta muita polêmica, emergiu no bojo das camadas populares e adentra as instituições públicas e privadas de forma arrebatadora e efusiva, sendo capaz de em pouco mais de quatrocentos anos de trajetória estar presente na maior parte das escolas, clubes, universidades, academias, dentre outros, se firmando com força em vários países do mundo, força esta, que ora estamos precisando verificar, os interesses ideológicos que estão sendo defendidos nas entrelinhas de sua expansão pelo mundo. Partindo dos princípios de que a capoeira, ao longo de sua história, passou por uma série de transformações para firmar seu espaço no ambiente escolar e que a escola funciona, na maioria das vezes, como um aparelho ideológico do estado, que por sua vez estará sujeito aos ditames do capital, tentaremos aqui traçar um painel desta dialética relação entre a capoeira e a escola.
    Para compreender os conflitos desta relação, precisamos lembrar que o surgimento da escola teve suas bases associadas a uma estratégia de manutenção da diferença entre a classe operária e a classe burguesa, sendo esta última beneficiada pela manutenção ideológica garantida pela escola, pois ali estariam garantidos os princípios de construção da separação entre fazer e pensar, corpo e mente, etc.
    Todo sistema de ensino da sociedade capitalista assenta no racionalismo burguês, ou seja, um idealismo ou iluminismo que esclarece os espíritos, a massa e a matéria. Toda a sociedade dividida em duas classes é necessariamente idealista: a elite esclarecida dita as normas, e a massa bruta deve segui-las sem discussão.
    A partir da análise deste contexto acima, fica fácil compreender o tamanho do "desafio" e das transformações, que foram "necessárias" para enquadrar a capoeira na lógica escolar, pois a capoeiragem historicamente foi também símbolo de contestação da lógica vigente e sua fundamentação filosófica, centra-se em uma simbologia que extrapola o conceito de educação escolar, ratificando o verdadeiro conceito de educação, que não estabelecem fronteiras, nem limites para as relações de ensino-aprendizagem.
    Segundo DANGEVILLE (1978): Quando a escola é a aldeia, a educação existe onde não há escola e por toda parte pode haver redes e estruturas sociais, de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de um modelo de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. Á vida que transporta de uma espécie para outra, dentro de historia da natureza, e de uma geração a outra de viventes, dentro da história da espécie, os princípios através dos quais a própria vida aprende a ensinar a sobreviver e a evoluir em cada tipo de ser.
    Deste conceito mais amplo de educação surgem às bases filosóficas dos ensinamentos da simbologia da capoeiragem. Assim fica fácil compreender o tamanho do abismo entre a matriz norteadora da capoeira e a forma na qual ela se apresenta hoje nas escolas.
    Portanto, a capoeira ganha uma nova roupagem que abre a possibilidade de institucionalização da mesma, pois pela primeira vez a sociedade reconhecia e decodificava os símbolos que fundamentavam a prática de ensino da capoeira, por meio de um método sistematizado e escrito que poderia facilmente ser implantado em diversas instituições, fato este que aliado a uma conjuntura política que estimulava ideais nacionalistas pela forte influência do "Estado Novo" de Vargas na defesa de um modelo de ginástica que pudesse ser genuinamente brasileiro, impulsionaram um grande crescimento e divulgação da capoeira. Um outro fator que contribuiu muito para a expansão da capoeira institucionalizada foi à condição desta alternativa apresentar-se como uma possível tentativa de cooptação e controle de uma arte que insurgisse de forma subversiva em alguns pontos do território nacional, a exemplo das maltas do Rio de Janeiro e de outros pequenos movimentos de contestação da estrutura social vigente, que tinham na capoeira um braço de luta, ou seja, é importante lembrar que esta aceitação teve um preço alto, pois, a necessidade de atender os anseios de uma classe social dominante, enquadrou e remodelou a capoeira em um perfil alienador, que em última instância desarticulava sua simbologia metodológica revolucionária e a colocava a serviço do sistema.
    A partir desta transformação, a capoeira gradativamente vai inserindo-se no contexto escolar, podendo-se atribuir ao Mestre Bimba um papel importante neste processo, pois através de seu contato com estudantes universitários de Salvador, que o convidaram para ensinar na pensão onde residiam, o mestre pode ter acesso a uma camada social e a códigos e símbolos do conhecimento científico que possibilitaram a criação e sistematização deste novo modelo de ensino da capoeira. A partir daí a capoeira inicia seu processo de institucionalização. O novo modelo de capoeira criado por Bimba e seus discípulos passa a ser reconhecido paulatinamente pela sociedade civil, sendo inclusive o Mestre Bimba agraciado com o título de Instrutor de Educação Física, mediante diploma oficial assinado por Dr. Gustavo Capanema, o então Ministro de Educação, no ano de 1957 pelo enquadramento do ensino da capoeira na legislação vigente. Apesar dos avanços proporcionados por Bimba, o mesmo só teve acesso a uma única instituição, que foi o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), na qual ministrou aulas de capoeira para os aspirantes da reserva. Este fato denota que a capoeira institucionalizada inicia-se com M. Bimba, mas só vem se firmar com o passar dos anos, através de outras iniciativas promovidas por seus alunos.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Malhação em excesso pode causar incontinência urinária; entenda


Realizar atividades físicas é recomendável a todos, por conta dos incontestáveis benefícios que traz à saúde. O sinal de alerta, porém, é aceso quando o excesso de malhação acaba causando problemas. Para a as mulheres, os exercícios realizados com peso e em séries com muitas repetições podem ocasionar incontinência urinária em qualquer idade. Isso ocorre porque o sexo feminino possui o que é chamado de "limiar de continência", diretamente ligado à quantidade e ao tempo que os músculos do períneo suportam esforços repetitivos.

"O impacto repetitivo é transmitido ao assoalho pélvico e pode comprometer os ligamentos e a musculatura, causando fadiga destes músculos e dos que envolve a uretra. Isso prejudica a contração muscular e, conseqüentemente, a estabilidade e o fechamento da mesma. O resultado pode ser a perda urinária", afirmou a ginecologista Ivani Kehdi, do Hospital e Maternidade São Luiz. Segundo dados do International Continency Society (ICS), 20% das mulheres no mundo sofrem de incontinência urinária e, depois da menopausa, esse número sobe para cerca de 40%.
Para evitar a situação, a médica aconselha a buscar assistência de fisioterapeuta especializado em assoalho pélvico para fazer exercícios pelviperineais. "A maioria das atividades físicas não envolve contração voluntária dos músculos dessa região durante a execução, aumentando a pressão intra-abdominal e conduzindo a um possível quadro de incontinência", disse, ao acrescentar: "as academias e os orientadores físicos precisam incentivar esse tipo de exercícios."
Síndrome da mulher atleta
A médica explica que é difícil quantificar qual o nível de excesso de exercícios para se chegar ao problema. "Há muitas variantes, como genética, tipo de exercício, nutrição, acompanhamento de profissional adequado". Nas mulheres atletas, há ainda mais propensão para o desenvolvimento do problema, por outros motivos.

"Como conseqüência de treinamentos exagerados, tanto na viciada em academia, quanto na atleta de elite, pode ocorrer o que chamamos de síndrome da mulher atleta", afirmou à especialista. Amenorréia (falta de menstruação), anorexia e outros distúrbios alimentares e diminuição da massa óssea precoce são os principais distúrbios apresentados. E podem surgir também em garotas que malham muito e fazem restrição dietética para alcançar o "corpo ideal".
A falta de menstruação provocada por esses hábitos é sinal de que os hormônios femininos encontram-se baixos. "Com isso, os tecidos da região genital ficam mais frágeis e susceptíveis a traumas de repetição (impacto, musculação com carga exagerada), daí à ocorrência de incontinência urinária."
Conseqüências sociais
A ginecologista afirmou ainda que um dos maiores problemas seja o isolamento motivado pela perda da urina. "Evita-se contatos sociais, viagens, festas, pelo medo da incontinência e, sobretudo, do odor que a mesma traz consigo. Muitas vezes, a situação não é compartilhada com a própria família por constrangimento." Tal isolamento vem associado ao desconforto causado pela irritação da pele (dermatite amoniacal), odor, uso constante de absorventes, fraldas, trocas constantes de roupa. "Esse fatores acabam por levar à degradação da qualidade de vida dessas mulheres."

Demais motivos
Genética - a incontinência urinária é mais freqüente em brancos, pela menor quantidade de colágeno existente em seus tecidos, quando comparada aos negros.

Idade - As mulheres têm aumento da prevalência da incontinência urinária na pós-menopausa, com a diminuição dos hormônios registra-se uma queda resistência tecidual e maior flacidez da musculatura.
Doenças - Obesidade, doença pulmonar crônica (tosse crônica), diabetes, problemas neurológicos, psiquiátricos.
Partos - Os vaginais traumáticos podem causar o problema.



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

SAIBA MAIS SOBRE OS PERIGOS DO CIGARRO


FUMO E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Fumar aumenta a queda da capacidade respiratória com a idade e aumenta o risco de problemas respiratórios como:
tosse, chiado e falta de ar
bronquite crônica e enfisema
causa 90% da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e aumenta seu risco em 10 vezes
laringite (rouquidão)
infecções nas vias respiratórias
crise de asma
FUMO E DOENÇAS CARDIOVASCULARES:

Fumar aumenta o risco de doenças coronárias como angina no peito e infarto do miocárdio.
triplica o risco de morte por infarto em homens com menos de 55 anos e;
aumenta em 10 vezes o risco de tromboembolia venosa e infarto em mulheres que tomam anticoncepcionais orais
aumenta o risco de insuficiência vascular periférica causando má circulação nas pernas e impotência sexual.
FUMO E CANCER
O cigarro contém mais de 40 substâncias cancerígenas, que aumentam o risco de câncer na :
boca, laringe e traquéia
pulmões – risco 12 a 20 vezes maior
esôfago, estômago
rins, bexiga, colo do útero, etc...
FUMO E DOENÇAS NEUROVASCULARES
O fumo triplica o risco de derrame cerebral.
FUMO E A PELE
Fumar eleva o risco de rugas prematuras e de celulite, além de interferir na cicatrização de feridas cirúrgicas.
FUMO E GRAVIDEZ
A gestante fumante, tem maior chance de abortar, de ter filho prematuro, de baixo peso e de morte do filho no período perinatal.

DEPENDÊNCIA

A nicotina causa dependência por meio de processos biopsicossociais parecidos com os da cocaína, álcool e heroína.
O Fumante de 20 cigarros/dia, que traga 10 vezes/cigarro, recebe mais de 70.000 impactos cerebrais de nicotina/ano.
O dependente de nicotina, aprende e acredita que o cigarro:
preenche “vazios internos”
é “companheiro”
ajuda a lidar com o estresse
ajuda a lidar com sentimentos positivos ou negativos
facilita as interações sociais
leva á sensação de segurança.
Entretanto, esses falsos benefícios do tabagismo deve-se ao fato de que o viciado desenvolve tolerância á nicotina e piora o funcionamento do cérebro na sua ausência.
BENEFÍCIOS AO PARAR DE FUMAR
Melhora da capacidade física
Melhora do paladar
Melhora do olfato
Redução do risco de câncer
Redução do risco de doenças cardiovasculares e respiratórias
Aumento da expectativa de vida
Término do hálito do tabaco
Redução de gastos com saúde
Economia por não comprar cigarros
UM GRANDE EXEMPLO para amigos, familiares, em especial, filhos e netos.
VEJA O QUE ACONTECE AO PARAR DE FUMAR:
Em 20 minutos: a pressão arterial e os batimentos cardíacos voltam ao normal
Em 8 horas: os níveis de monóxido de carbono voltam ao normal
Em 1 dia : redução de risco de ataque cardíaco
Em 3 dias: relaxamento dos brônquios e aumento da capacidade respiratória
Em 2 a 12 semanas: melhora na circulação sangüínea.
Em 1 a 9 meses: redução da tosse e infecções das vias aéreas, melhora da respiração, limpeza dos pulmões e melhora na capacidade física.
Em 1 ano: redução do risco de doença coronariana em 50%.
Em 10 a 15 anos: o risco de morte por doença coronariana se iguala ao de uma pessoa que nunca fumou.
Em 15 a 20 anos: o risco de câncer se aproxima do risco de uma pessoa que nunca fumou.